Valvetronic

Válvulas Controladas Eletrônicamente

                            A mutação da borboleta

A conhecida borboleta utilizada nos motores tradicionais "sofreu" uma mutação no laboratório da BMW. Ela continua fazendo a mesma função, porém utilizando uma concepção completamente diferente. Trata-se do Valvetronic, um novo sistema de variador de fase.

BMW 04 Cilindros Valvetronic

 

A nova família de motores de quatro cilindros da BMW é produzida na Inglaterra

O motor elétrico do Valvetronic, varia o tempo e a amplitude de abertura das válvulas de admissão


 

O motor elétrico do Valvetronic está colocado no cabeçote do motor entre o segundo e o terceiro cilindros


 

Posição verde e vermelha mostra como funciona a variação de fase


 

A BMW deu um grande passo no conceito dos variadores de fase, com o seu novo sistema Valvetronic que consegue eliminar a borboleta do acelerador, um componente que desde a sua concepção tem feito os motores movidos a gasolina perderem rendimento.

A estréia da nova família de motores de quatro cilindros, que utiliza o Valvetronic, foi no lançamento do novo 316ti Compact. O variador de fase Valvetronic permite à marca alemã anunciar uma redução de 10% no consumo de seus motores, além de passar a cumprir a norma Euro3 de poluentes.

Mas o principal avanço do Valvetronic é a abolição da borboleta do acelerador que foi substituída por um regulador muito preciso de abertura das válvulas de admissão.

A borboleta do acelerador tradicional serve para regular a quantidade de ar de admissão e, conseqüentemente, da mistura do combustível. Sem a borboleta do acelerador do motor a gasolina estaria sempre na aceleração máxima.

O problema da borboleta é que ela nunca está totalmente aberta, ou seja, alinhada com o fluxo de ar. Essa diferença ocasiona uma obstrução que cria perdas de carga, de potência e desperdício de combustível.

Este fato, negativo da borboleta, conhecido pelos engenheiros foi amenizado, em parte, pelos variadores de fase convencionais. Eles atuam nos tempos de abertura das válvulas de admissão em relação às de escape, como acontece no sistema Vanos da própria BMW.

Mas o Valvetronic, além de estancar o ponto negativo da borboleta, ele regula de forma muito precisa, a amplitude de abertura das válvulas de admissão. Em regimes baixos as válvulas abrem em poucas frações de milímetros, e a regimes mais altos elas abrem mais, fazendo assim a função da borboleta.

Teoricamente nada disso é verdadeiramente inovador, a dificuldade sempre esteve na concretização de um sistema de controle suficiente e preciso.

O comando de todo esse sistema depende do funcionamento de um motor elétrico ultra-rápido, que precisa de apenas 300 milésimos de segundos para movimentar a válvula fechada e aberta ao máximo.

Para que tudo funcione na perfeição, o Valvetronic tem o seu próprio computador, coordenado com o motor, a precisão desta construção de alguns componentes chega aos oito milésimos de milímetro, como no caso do perfil em "L" que aciona os martelos das válvulas.

No sistema Valvetronic, o comando de válvula não atua diretamente nos martelos das válvulas. Seu contato é por meio de um braço adicional.

Este braço está em posição vertical, com a extremidade inferior em forma de "L" encostada ao martelo da válvula. A parte central é dotada de uma rosca que em contato com o cabeçote e com a parte superior é ligada por um excêntrico solitário com a correia dentada, que é acionada pelo motor elétrico.

Posição Vermelha - Quando o motor elétrico se desloca para a posição vermelha, o braço vertical adapta para uma maior inclinação. Deste modo, quando a sua extremidade inferior em forma de "L" toca no martelo da válvula e cria um maior ângulo, esta obriga a válvula abrir mais.

Posição Verde - Quando o motor elétrico utiliza a posição verde, o braço fica numa posição mais vertical e a sua extremidade inferior em "L" passa pelo martelo da válvula num ângulo menor, fazendo assim a válvula abrir em menor amplitude.

A BMW compara o Valvetronic aos sistemas de injeção direta a gasolina. Outros benefícios apontados são: o bom arranque a frio, a grande suavidade do funcionamento e uma resposta rápida nas retomadas.

O fato da carga parcial e das válvulas só abrirem 0,5 a 2,0 milímetros obriga a mistura do combustível entrar para a câmara de combustível por uma abertura muito estreita, fator que induz uma boa pulverização da composição química e uma resposta mais suave.

Já o motivo da aceleração não ser feita por uma tradicional borboleta, mas sim pela válvula de admissão mais perto da câmara de combustão, deixa o motor mais eficaz que os automóveis que utilizam uma borboleta por cilindro.

Na verdade, o Valvetronic tem uma borboleta, o detalhe é que ela está sempre aberta, se fechando apenas quando o motor for desligado.

A BMW está tão confiante no sistema Valvetronic que a fábrica tem á intenção de introduzi-lo em todos os  motores.

Antonio Munhoz